A obesidade é uma doença de extensão mundial que atinge principalmente países de primeiro mundo e aqueles que estão em fase de desenvolvimento.
Caracteriza-se pelo excesso de gordura que pode ser geral ou localizada. Quando ocorre na idade adulta é causada geralmente pelo aumento do tamanho das células de gordura. Nos casos de obesidade em crianças e adolescentes ocorre o aumento do número de células de gordura e quando eles se tornarem adultos estarão sob maior risco.
Atualmente a obesidade é considerada um problema de saúde pública, superando em alguns países e regiões a desnutrição e as doenças infecciosas. No Brasil, 40% da população está acima do peso ideal, sendo que 11% são obesos. A obesidade é um fator de risco que expõe as pessoas a outras patologias, como hipertensão, diabetes e cardiopatias.
Essa patologia pode ser influenciada por fatores genéticos, ambientais, psicológicos ou culturais, mas o fator determinante são os hábitos de vida. Segundo a Universidade de Stanford, os hábitos influenciam em até 53% a saúde das pessoas. Mesmo aquelas que tem a predisposição genética, esse fator pode se expressar ou não, dependendo dos seus hábitos de vida.
Existem diversos programas de redução de peso, a exemplo das dietas acrescidas de fórmulas medicamentosas, que produzem efeito rápido, mas são perigosas pelo efeito depressivo e pela dependência química que podem causar. Outros métodos adotados para o processo são os jejuns, as dietas comerciais, e dietas de moda, normalmente restritivas. É o caso da dieta da lua, do abacaxi, da uva, do limão, da sopa. Esses métodos podem ocasionar redução da imunidade e carência nutricional.
As dietas preconizadas pelos spas, que provocam rápida perda de peso, recuperado com a mesma velocidade pelos seus adeptos. Nestes casos as pessoas continuam comendo o que gostam em quantidades menores, ou seja, não há mudanças de hábitos de vida.
O programa eficaz de redução de peso é o que utiliza educação alimentar, exercícios e mudança de hábitos de vida. O sucesso para alcançar o peso ideal só acontece com investimento de tempo, geralmente entre um e dois anos, dependendo do peso atual. É necessário que aconteça adaptação do corpo com os novos hábitos alimentares, suplantando o período estacionário, quando não há perda de peso e parece que o esforço e as restrições não estão produzindo nenhum efeito. Mesmo quando se alcança o peso final desejado, é necessário manter o controle alimentar por mais tempo. Há estudos que falam em manter-se a dieta por tantos meses quanto forem os quilos a serem perdidos mesmo que se alcance o resultado antes disso.
Outro fato que pode acontecer geralmente pelo abandono da dieta e do exercício é o efeito sanfona, quando o indivíduo recupera o peso. Isto ocorre porque não se manteve o hábito adquirido até que o corpo se adapte ao novo peso, ou seja, as células de gordura entendam que a mudança corporal é definitiva.
As mudanças de comportamento são mais eficazes quando elas acontecem em um cenário diferente da casa da pessoa, uma clínica onde a atuação de uma equipe multidisciplinar fornece subsídios para que a pessoa obtenha o sucesso tão desejado. Nesta equipe devem atuar o médico, o nutricionista, o psicólogo e o professor de educação física. Ao final com o conhecimento adquirido, a auto-estima elevada e novos hábitos adotados, o indivíduo começa a praticar o controle sobre os estímulos e o tipo de alimento a ser consumido.
No caso da criança e do adolescente, o processo de perda de peso é mais amplo e envolve toda a família. Eles não podem sentir-se excluídos. Portanto recomenda-se que a alimentação da casa seja saudável e para todos, pobre em gordura saturada e massas e rica em frutas, verduras, sucos e alimentos integrais. Os benefícios serão para toda a família.
Os alimentos muito elaborados, ricos em açúcar e gordura constituem esta classe de comida. Por outro lado os alimentos integrais (cereais, grãos e raízes) e aqueles naturalmente coloridos (frutas e hortaliças), preparados de forma simples, contêm todos os nutrientes necessários e com a vantagem de promover a saúde e prevenir doenças como a obesidade.
Seguindo esta orientação, devem ser evitados os molhos gordurosos, maionese, geléias. Convém manter a geladeira cheia de frutas, iogurte desnatado e hortaliças. A ênfase deve ser no alimento que pode ser ingerido sem culpa, procurando oferecer sempre opções saudáveis.
A atividade física deve ser estimulada e o alimento não deve ser usado como recompensa. Explique porque se deve ou não comer determinado alimento, elogie qualquer progresso. Nunca brigue com a criança nem a critique durante as refeições, para que ela não descarregue suas emoções no excesso de alimento.
O exemplo dos pais é uma grande motivação para os pequenos e até mesmo para a fase da adolescência. Na Bíblia há um verso no livro de Provérbios que diz: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele” (Provérbios 22:6). É importante lembrar que a criança e o adolescente copiam modelos, portanto o que fala mais alto não é a voz, mas o comportamento dos pais e professores.
Às vezes o adulto durante sua formação viveu com restrições alimentares. Agora tem melhor condição financeira e exagera no comer, podendo ganhar ou não um peso extra. Mas a criança em formação terá suas células de gordura multiplicadas e aumentadas, ampliando as chances de desenvolvimento precoce da obesidade e outras complicações.
A adolescência é uma fase de preocupação com o corpo e a aparência. É também quando acontecem as mudanças hormonais. Além disso, o adolescente come para saciar a fome e não relaciona o alimento com saúde, necessidade de nutrientes e desenvolvimento físico. Somado a tudo isto ainda existe a necessidade de sair do controle familiar, busca de autonomia e identidade pessoal. Um hábito alimentar pode ser usado como forma de contestar a família e ai mesmo tempo ser aceito pela turma.
Nessa fase tem inicio o interesse pelo sexo oposto. O adolescente que alcançou este estágio com peso acima do normal pensa que não vai atrair ninguém. Se em vez de buscar saída para o problema, ele se retrai permanecendo em casa na frente da TV, computador, vídeo game, acompanhado de salgadinhos, sanduíches e refrigerantes, o resultado será mais aumento de peso, pois geralmente a baixa auto-estima é compensada no excesso alimentar.
Quando a obesidade infantil está instalada, o envolvimento da família é fundamental, junto ao trabalho do médico e do nutricionista. Algumas estratégias podem ser úteis:
Estimule a criança a comer nos horários certos
Motive a criança a comer sentada à mesa.
Cuide para ter alimentos adequados em casa.
Mantenha todo alimento guardado em armários ou geladeira.
Planeje as refeições e descarte as sobras
Motive a criança a comer devagar, saboreando o alimento.
Não combine a refeição com outra atividade (assistir TV, por exemplo).
Não coloque vasilhas com alimentos sobre a mesa fora das refeições.
Joseni França Oliveira Lima
Nutricionista, Mestre em Alimentos, Saúde e Nutrição pela UFBA, Professora do Curso de Gastronomia da Estácio/FIB, autora do livro Alimente-se com Saúde, Consultora da Revista Vida e Saúde
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